05 January 2006



Se algum dia eu ganhar algum prêmio de redação em publicidade, além dos meus diretores de criação e colegas redatores, vou ter que agradecer a uma boa lista de escritores. Eu seria obrigado a começar por Frank Miller, o roteirista e desenhista de clássicos dos quadrinhos, o Martin Scorcese da Marvel; tem o Bukowski (o de Cartas na Rua porque em Velho Safado já rola mais verborragia); tem toda aquela série de livros excelentes do Verissimo que saíram no meio dos anos 80 (Orgias, A Mulher do Silva, todos aqueles com capa do Caulos); Life After God do Douglas Coupland; o Nick Hornby, os livros de alpinismo do John Krakauer e por aí afora.

Agora faço questão de colocar no meu panteão de professores o Marçal Aquino. Eu já tinha sido cativado pelo jeito que ele escreve em Cabeça à Prêmio mas fui totalmente pego nesse último de nome grande. Tentando descrever pra alguém, eu falei em "minimalismo exuberante", porque é exatamente isso que ele parece fazer: corta todos os excessos mas ainda assim as frases e os parágrafos mantém uma riqueza colorida, hiper realista, carregada. Não é tipo "a beleza do minimalismo". É um minimalismo brutal e direto. Talvez parte dessa contundência não seja do estilo, mas do conteúdo: o universo que o Marçal Aquino usou nos dois livros que li foi um submundo BEM brasileiro que não passa pelo filtro de submundo ou underground da cultura americana. Não existe emulação à americana (talvez um q de western), são livros absurdamente DAQUI.

Fica a dica para os redatores. Marçal Aquino faz tão bem quanto Eugênio Mohallem.