Capas, capildes e capadócias
Acho que o raciocínio é bem simples: quem tem grana cada vez mais baixa mp3 (de graça ou não) na sua conexão rápida e ouve o som no computador ou no mp3 player ou no CD-R queimado artesanalmente. Quem não tem grana compra CD pirata no camelô, cujas capas são uma versão bem xumbrega da capinha original do CD. E vem aí os mp3 players com vídeo. E os celulares que tocam mp3 com seus papéis de parede.
Resumo da história: cada vez menos a capa do álbum tem importância na vida do fã médio de música. Cada vez menos ela vai fazer a interface gráfica entre o artista e o fã. Onde é, então, que vemos encontrar apoio visual para nossas viagens sonoras?
Os DVDs proliferam. Oficiais para os abastados, piratas para os menos favorecidos. Os clips há horas já transbordaram da televisão para os computadores e para os CDs multimídia. Agora temos os iPod video da vida, os celulares e blablablá. Não é pra menos que cada vez mais os clips e shows estão elaborados e cheios de frufrus. Não é pra menos. É onde dá pra pegar o povo pelo visual.
(E que ninguém venha com o papo de que só a música interessa. Fosse isso, os megashows do U2, o Kiss e o Sex Pistols não tinham dado certo. E o Gorillaz.)
Li em algum lugar, não lembro onde: daí vem o alto investimento no design dos mp3 players, o sucesso do iPod em detrimento de outras marcas: eles substituem a capa como interação durante a audição do disco. Saca aquela coisa de ficar ouvindo o disco e ficar lendo as informações, admirando a capinha? Era legal. Mas a coisa vai mudar. Provavelmente em breve vamos estar ouvindo música e acessando fotos da banda ou mesmo shows e clips no mp3 player. Ou no celular. Ou sei lá onde, no liquidificador.
Acabaram de lançar uma geladeira com TV. Eu tava achando absurdo, até que me lembrei que quase todas as casas hoje em dia tem uma TV na cozinha. Por que não integrar? Em uma pesquisa da Gradiente, se não me engano, uma dona de casa disse algo assim: "Há décadas levamos o rádio pra cozinha e botamos em cima da geladeira. Por que não colocar um rádio na porta da geladeira". Embora eu não seja partidário, faz sentido