28 June 2006

Tango, Sony, Fátima Bernardes, Contracultura



Grand prix de filme em Cannes. Diferente da área de print, não rolou tanto aquele minimalismo aqui... tudo bem, a idéia em si é super simples e muito legal... mas a produçã, vou te contar... um absurdo... mas é massa né... bons comerciais assim às vezes são melhor entretenimento do que o que era pra ser entretenimento.

Esses dias, batando papo com uns parceiros, chegamos a comentar que talvez em algum tempo não exista mais separação entre comerciais e conteúdo, porque o que tem de marca comissionando a criação de conteúdo não é bolinho. Pior, o pesadelo de muita gente: o conteúdo criado comercialmente às vezes é melhor do que o conteúdo criado não-comercialmente. Muitas vezes, claro, porque o dinheiro dá acesso a certos recursos - não só materiais, mas também intelectuais. Dinheiro muitas vezes fecha a mente, mas também há situações em que abre possibilidades. Todo o modelo de contracultura que o mundo segue hoje como sendo algo "outsider" foi criado a partir de muito dinheiro, ou no mínimo da estabilidade que o dinheiro proporcionou nos Estados Unidos... embora isso esteja terminando... há horas o eixo "outsider" está mudando pra Ásia (e o dinheiro também, violentamente)...

De qualquer maneira, eu não sou pessimista... acho que sempre vão existir clusters naturais e livres. Até porque, em última instância, é dessa liberdade que o capitalismo e o dinheiro se alimenta. Não há porque se desesperar muito. Só um pouco, ficar atento.

Essa conversa toda tinha começado porque um amigo meu apareceu com um insight muito interessante... que todo esse papo entre a Fátima Bernardes e o William Bonner realizou o sonho de muitos brasileiros: juntou o Jornal Nacional e a novela em um único programa. Interessantíssimo!

Bom, voltando a Cannes... ainda não vi todos os premiados... mas tem outro lance interessante. Esses dias tinham me passado esse comercial da Sony, que é lindo, mas que no final rola uma decepção tipo "mexeram com todas essas emoções e fizeram tudo isso só pra vender cor de tv???" Mas é curioso... é o que é preciso fazer hoje pra se sobressair. No fundo, olha o comercial da Guiness... precisa tudo isso pra vender cerveja? Pior, parceiro, é q precisa...

Abaixo o comercial da Sony... saca o sapo louco e o som indie... é "Heartbeat" dos suecos do The Knife. O nome do vocalista SUECO é José Gonzales, vai entender.



Esse comercial levou leão de ouro e mais um destaque num prêmio de cannse chamado Best Use of Music. Quem ganhou ano passado foi um comercial mutcholoco do Spike Jonze bem massa pra Adidas... mas voltando às bolinhas... parece que elas são reais mesmo, não é CGI. 250.000 bolotinhas coloridas e 23 câmeras... trabalheira.

Mas enfim... o comercial gerou tanto recall que até gerou uma paródia do Tango, um refrigerante inglês que sempre vem com uns comerciais muito nonsense com gente se atirando contra frutas ou sendo esmagado por frutas e coisas assim. E sempre assina com "You know when you've been tango'd".. aqui eles usam "clear", deve ser um novo refri transparente. Uma vez eu vi em Londres um busdoor com uma laranja animal do tamanho de um fogão atirada contra o busdoor. Doença. Essa paródia ganhou leão de prata.




Isso tudo, como percebeu um colega de trabalho, lembra um clip do Flaming Lips... que tem aqui.