14 August 2006

Música, Música e mais Música

Ouvi e vi muita coisa legal nessa viagem... recebi CDs, dancei sets, vi shows, botei em dia coisas que tinha copiado e não escutado...

Acho que vou tentar fazer em ordem cronológica se eu conseguir... mas tudo começou com o set indiegroovento do Dago na famigerada festinha da Peligro no Milo Garage. Nessa noite adquiri o ótimo Guab Versus, mixtape do DJ homônimo (sem o versus) cheio de versõezinhas massa... um monte de gente já tinha me falado dessas mixtapes... no dia seguinte, antes do nosso show na Outs em SP teve o espasmódico Ludovic fazendo um belo show, total à altura à falação em torno das apresentações deles... a intensidade, as guitarras gritadas e entremeadas a la MC5.. é o que me interessa no som deles, pq eu não sou muito da pilha post-rock. Outra coisa legal é que o Ludovic tem um público próprio que é total parte desse entremeio, então chega uma hora que o pessoal está se estrebuchando na frente do palco e banda e público perdem um pouco da separação... bonito de se ver.

Dois dias depois caímos em Sorocaba e, como no caso do Ludovic, foi uma felicidade fazer uma noite junto com bandas que fazem tão bonito em cima do palco. o Fortunetellers consegue encontrar a ponte entre o lado street safado do Rolling Stones e o lado street safado de Sorocaba, se é que você me entende... da mesma forma, o Biggs tem no sangue e no som parte do dna de Sorocaba - e eu repito e digo, não sei direito o que eu quero dizer com isso, mas eu sinto isso... o fato é que a banda é veterana da cena local, inspiração e tem um séquito entre os fãs de bandas de gurias raivosas... o mais massa é que o som do Biggs transcende total esse rótulo, fugindo dos clichês e tocando simplesmente um puuuta rock.

Do Cidadão Instigado eu nem preciso falar... alguns posts atrás eu registrei minhas impressões sobre a banda ao vivo. E o disco, o Método Tufo de Experiência, foi um dos que me acompanhou na estrada, assim como o excelente último disco do Wado, que tem pra baixar aqui. A Farsa do Samba Nublado é o nome da criança e mais uma vez o Wado mostra que as coisas mais interessantes de mpb, samba e o escambau estão sendo feitas por pessoas não propriamente ligadas à tradição da mpb... mas isso é até chover no molhado... assim como o Wado, dá pra citar o ótimo álbum de estréia do Monjolo. Metade da banda era do Querosene Jacaré (lembra?) e a outra metade apareceu numas tais jams sessions em SP em 2002 q eu não lembro direito agora.. o release não tá à mão aqui. Mas o q se percebe no Cd é uma vibe de jam session, puxando pro lado das canções estendidas, da ênfase no beat orgânico e da repetição do afrobeat. Obviamente o dub também tá presente (o mundo virou dub, se vc parar pra pensar, é incrível, o mundo virou grafite e dub...), assim como os layers de percussão & melodia organizados no já virando clássico pernambuco/olinda/recife style... é incrivel como pernambuco desenvolveu essa identidade nos últimos 10 ou 15 anos... identidade que o Volver (ver post abaixo) insiste em não aceitar como única, o q é ótimo e saudável.

Me chegou às mãos também o disco novo do Cascadura, que saiu na Outracoisa. Outro veterano da cena independente, o Fabio Cascadura pariu (pariu????) um disco daqueles que nos anos 90 a gente classificava como "pronto pra estourar". O que significa isso, diabos? Hoje a gente sabe q não basta um bom disco pra estourar, mas eu vi que os caras estão numa produtora puxada, então me parece que tem um movimento aí que pode levar rocks excelentes com letras interessantes como Senhor das Moscas e o Centro do Universo pros ouvidos de mais gente. Merece, tem várias músicas aí feitas pra se cantar em platéia. Eu sou mais dos rocks pesadões, exatos, comprimidos, mas pra quem curtir também tem uns sons mais levados e pop.

Ainda tem coisas que eu recebi e não deu tempo de ouvir... fora tudo que eu fui ouvindo na estrada... Bicho Baile Show, o disco ao vivo do Caetano com a Banda Black Rio segurando a onda, cheio daquelas firulinhas funk deles... o De Facto, projeto dub viajante do pessoal do Mars Volta (no YouTube tem eles tocando com o Frusciante, viajêra MASSA em Long Beach... também recebi os singles do Multiplex cheios de remixes... tem uma versão bem legal de I'm Waiting for My Man do Velvet, mas só nos CDs.. na Trama Virtual eu recomendo o remix de Moderno feito pelo Montage... pura atropofagia electro... só pela Bizz fui conhecer o sonzinho na maciota do Curumin, que anda fazendo a alegria dos gringos... em Belo Horizonte dei uma bela passeada pelo centro da cidade embalada pelo minimal ambient (acabei de inventar esse rótulo) do Isolée. Climático e ritmado na medida certa... outro lance de minimal que eu curti muito foi a coletânea Body Language Volume 1 Mixed By MMandya dupla que criou o selo de minimal Get Phyisical junto com o Booka Shade e o DJ T (que eu vi ano passado no Sonar e foi massa). Esse tál de minimál, como ouvi alguém dizer... curto pacas...

E o Raconteurs? Não sei se comentei aqui, mas eu chapei no álbum dos caras, especialmente "Level". Na boa, se o disco tivesse SÓ Level e Broken Boy Soldier já valia a pena... Steady As She Goes é legal e tudo mais, mas numa briga com Level perderia (tipo Super Homem Vs. Hulk...). O disco só deixa no ar uma questão... COMO DIABOS SE PRONUNCIA O NOME DA BANDA? Eu sempre me perco com o "N" ali no meio.

Bom, não posso esquecer dos shows ótimos que vi no Nordeste... não é preciso falar muito dos confirmados: Autoramas (melhor show do Brasil de rock? muitos dizem, tendo a concordar), do Forgotten Boys, do MQN, do Bois de Gerião (que eu sempre vejo meio que pela metade enquanto passo o som em outro palco... mas isso aí não são surpresas (embora eu sempre fique de boca aberta vendo Autoramas)... surpresa foi ver o Los Canosmantendo aceso o luminoso cítrico do punk rock divertido pero bem feito. E também o Motherhell, o Motorhead de João Pessoa... aliás, eu queria ter mais o que falar das bandas do nordeste, mas em João Pessoa passamos correndo e em Natal eu cheguei podre da garganta e acabei vendo muito poucos shows... cué!

Se tiver mais coisa que eu esqueci... depois eu completo...