Música para eu, você e todo mundo olharmos a Jeana Sohn
É o que me ocorreu quando comecei a ouvir a trilha do Eu, Você e Todo Mundo. A Jeana é uma artista plástica de Los Angeles que eu descobri na capa da Giant Robot, uma revista interessantíssima dedicada a, como eles dizem, "Asian Pop Culture and Beyond". A revista, por sua vez, eu encontrei na excelente Galeria Adesivo, onde na real tu encontra um monte de coisa boa, revistas interessantes na área de artes gráficas, posters, obras, toy art, um monte de coisa massa.
Mas, enfim... o que é que uma coisa tem a ver com a outra... eu vi esse filme, Eu, Você e Todo Mundo por indicação de vários amigos. Meia dúzia de gentes vieram me falar espontaneamente, sem combinar, que esse filme mexeu com elas. Então uma amiga me descolou um CD-R e eu fui conferir o que é que tinha ali... e o excesso de expectativa misturado com o sono abissal no dia que eu vi o filme me deixou meio que numas tipo "ah tá, era isso..." num primeiro momento. Acontece que aos poucos foi acontecendo o que já me aconteceu com outros filmes... o que eu tinha visto começou a voltar à minha mente direto nos dias seguintes... climas do filme, falas, cenas, a trilha... e à medida em que eu ia contando para outras pessoas eu ia vendo que o filme é muito muito bonito. Essa é a palavra. Bonito, bonito em um monte de sentidos que a palavra bonito já perdeu. Sabe... bonito já não tem mais o status que tinha antes, hoje em dia o bonito é uma espécie de primo pobre do lindo, do excitante e do maravilhoso... uma pena, porque o bonito é bonito.
Pra começar o filme é bonito esteticamente... a Miranda July, diretora e atriz que faz uma das personagens principais, é artista plástica... então há um cuidado incrível com certas cenas. De certa maneira me lembrou um pouco oque alguem me disse sobre esse último do Win Wenders: tem várias cenas que se tu congelar, vira um quadro... e é bem isso, há cenas lindas, tanto cenas mais trabalhadas em termos de direção de arte como cenas aparentemente mais prosaicas...
Esse lado prosaico, comum, é outra das bonitezas do filme. Porque embora ele tenha um viés meio bizarro de vez em quando, embora o foco, o olhar da Miranda July seja inusitado aqui e ali (também embora seja um inusitado que se alinha com uma linguagem, vide Todd Solondz, Hal Hartley, etc), ainda assim tem uma qualidade humana interessantíssima, que é aquela capacidade de enxergar as bizarrices no prosaio... e isso é algo que eu acho muito bonito, é sinal de um olhar sensível que não se congelou. Me lembro de um ditado zen-budista: "mente zen, mente de principiante". Aquela coisa de você não conseguir se entendiar com a vida porque afinal, nossa, olha esse copo de água, é incrível... copo... água, o ser humano é capaz de construir um copo e beber água nele... esse deslumbramente constante é uma coisa bonita.
A trilha me marcou bastante também e assim que botei internet em casa, foi a primeira coisa que fui atrás para baixar. E, surpresa, a trilha conserva o clima do filme, funciona sozinha também. Tem essa coisa do "file under: climitos", porque não são climões e nem climinha, são "climitos", "climarescos", "climarotos". Não me peçam pra explicar.
O figura que fez a trilha se chama Michael Andrews e não sei nada sobre ele, a não ser que (eMule é cultura) a trilha do Donnie Darko (outro filme que talvez pudesse estar na mesma prateleira que o Me and You...) também é dele.
Fica a dica então pra fazer a conexão entre os 3: Michael Andrews, Miranda July e Jeana Sohn. O som do Michael eu achei facinho no eMule. O site da Jeana tem o link logo no início do post, ali tem vários desenhos e um link para o blog dela. O site do filme também é uma porta para muita coisa interessante. As entrevistas do making of são incríveis, tem um ator de 5 anos q dá um show no filme e nas entrevistas...
Deslumbrai-vos.