on the move
Eu não sei nem por onde comecar de tanta coisa... mas nunca o nome que eu dei pra esse blog fez tanto sentido quanto nos 27 dias que eu passei meio na estrada agora entre metade de julho e metade de agosto... como deu pra acompanhar aqui, eu parti com os Walverdes de Porto Alegre rumo ao sudeste pra gente fazer cinco ou seis shows (acabamos fazendo um a menos, foi cancelado o de São Carlos), depois voltei pro sul pra ficar 8 dias em Três Coroas num retiro e na sequelencia era entrar no avião e se mandar pro nordeste pra fazer dois festivais de novo com os Walverdes.
Caxeiros viajantes, executivos e bandas famosas devem estar acostumados a isso... mas pra bandas independentes e publicitários oriundos da classe media baixa viagem é sempre motivo de viagem na barriga... aos 31, mesmo já tendo ido pra lá e pra cá, pra Europa e o escambau, eu ainda me emociono com viagem de avião... claro q eh sacal fazer essas conexões intermináveis qdo você vai pra longe, ainda mais as conexões walverdianas que incluem carregar duas guitarras e um mochilao entre rodoviária, taxis, esteiras de aeroporto, as vezes tudo isso num espaço de uma hora... mas a real eh que voltando agora de Natal eu me peguei com a mente num estado meio onírico pelo deficit de horas de sono acumulado e comecei a viajar total quando o avião levantou vôo de Brasília... fazia tempo que eu não olhava pra fora atento ao fato – esquecido, a gente esquece disso – bizarro de que uma massa daquele tamanho feita de aço, plástico, combustível, aeromoças e barrinhas de cereais (não, no nosso caso foram bons sanduíches quentes... obrigado TAM), aquele TRECO, aquele COISO enorme sai correndo e levanta vôo carregando tudo aquilo de gente e de material PESADO. O verdadeiro assombro é que a gente se acostume com isso...
Mas a real é que eu fiquei um tempão olhando a asa do avião iluminada pela incomparavel luz da lua e a cidade lá embaixo... me lembrei de um anuncio ótimo que eu vi na Archive há alguns anos... era pra vender curso de paraquedismo... era so uma foto aérea de um lugar, uma cidade, sei lá e o titulo dizia: daqui de cima os problemas parecem bem menores. E é sempre assim que me parece. Mesmo São Paulo, a cidade mais caótica e confusa e tudo aquilo blábláblá fica interessante quando vista do alto. Não deixa de ser uma metáfora obvia para o distanciamento... claro que cidades atrolhadas ficam fascinantes vistas do alto... porque de perto ninguém eh normal...
Bom, paisagens naturais então nem se fala... apesar de que eu acho que, à exceção do céu e das nuvens, com os horizontes menos urbanos acontece o efeito contrario... eles ganham uma certa pequenez, se transformam numa especia de mimo, uma versão diminuída... você esta vendo o vasto de cima e não la no meio dele, então tem um certo ar de miniatura.... no caso da cidade também, mas o que na cidade é alívio no caso dos largos horizontes naturais se transforma em uma espécie de ternura... enfim...
Foi uma viagem bizarra porque não é como se eu estivesse na rotina da turnê e pronto... quando eu estava começando a me acostumar com a rotina de shows, vinha uns 2 ou 3 dias de folga e quando eu tava me acostumando com a vagabundagem vieram mais uns shows e quando eu tava entrando na onda do rockstar underground de novo passei 2 dias em Porto acertando uns lances (e vendo o ótimo Superman)... e era so me acostumar à vidinha de cinema à tarde que me mandei pro retiro e assim que minha mente tava bem solta e deitada no sofá confortável do retiro ela foi jogada pro nordeste... aliás esse dia foi bem interessante porque eu voltei de Três Coroas e fiz algo que nunca tinha feito na vida... desfiz a mochila e fiz novamente logo em seguida... pode parecer besteira, mas foi uma sensação muito esquisita... mal tive tempo de olhar pro meu apartamento e já me mandei pro aeroporto pra pegar o vôo e encontrar os guris em Natal... e quando eu tava começando a me acostumar com a micro-tour pelo nordeste caí de volta em Porto Alegre... partes do meu cérebro e meu corpo inteiro ainda estao para entender o que aconteceu...
Preciso de férias...
