29 December 2006

0 2006 do Conector - parte 2



Filme do Ano: Mysterious Skin

É de 2004, mas azar. Esse ano, foi o filme que mais dias ficou na minha cabeça, se mexendo, revirando idéias, fazendo perguntas. Sem exercícios de estilêra pra chamar a atenção, com um roteiro absurdamente limpo e direto, que vai te enganando sem inventar moda e entrando dentro da tua cabeça pra tratar um tema que podia muito bem dar num Supercine babaca. Não vou contar qual é o tema pra não estragar o filme. Muitas vezes nós já visitamos uma pequena comunidade americana com suas bizarrices e acompanhamos o desenrolar da vidinha de nerds e desajustados, mas pouquíssimas vezes fizemos isso sem ter que conviver com clichês melodramáticos ou, no oturo extremo, Harmonikorineanos.


O que embalou meu ano



1. A trilha sonora de Michael Andrews para Eu, Você e Todo Mundo é exatamente como o filme: bonita e doce mas esquisitinha. Tecladinhos bagaceiros viajando em melodias quase aleatórias e uma primeira faixa que traz o lindo texto que também abre o filme. Inspirador, um espetáculo à parte.O tal Michael Andrews é o mesmo cara da trilha de outro filme esquisitinho, o Donnie Darko.



2. Uma comediante argentina começa a trocar a carreira de sucesso nacional na TV por incursões num folk indie-experimental. Isso sim parece piada, mas o fato é que no terceiro disco, Son, a Juana Molina se estabeleceu de fato como a cantora bizarrinha que é. Qual a diferença para os zilhões de folk-indie-experimentais que andam por aí? O climão dos pampas que surgem em paisagens sonoras esparsas e na mistura bem argentina de tradição com elementos cosmopolitas.


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É muito complicado escolher um disco do ano, uma música do ano... eu ouvi muita música em 2006, muito por ter começado a fazer o programa da Ipanema. Para escolher 5 músicas/bandas por semana, teve vezes que entrei num ritmo absurdo de pesquisa. Muita coisa eu acabei conhecendo ao vivo nos festivais, tocando com os Walverdes, mas outras tive que ir atrás pra não cair na mesmice e também trazer algumas cosias diferentes pro pessoal. Se ficar só nos festivais, muitas vezes se acaba preso ao rock e suas variantes mais próximas.

Uma constatação ótima depois de colocar mais de 120 músicas de 120 bandas independentes na rádio foi que, já falei aqui, existe muita coisa boa rolando no Brasil. Nem sempre o suficiente pra encher um álbum, mas tem muita gente escrevendo e produzindo ótimos singles. O que não é grandes problemas em uma época acelerada e dominada mais por canções isoladas do que propriamente por álbuns completos. Os goianos do MQN e o rapper gaúcho Nitro Di são só dois exemplos de artistas que já sacaram isso e estão, ao menos por enquanto, abandonando o formato álbum e trabalhando com lançamentos periódicos de single. É uma escolha de cada um e faz sentido.

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Uma decepção no ano pra mim foi o disco do Beck, The Information. Eu sou fã incondicional do Guero e pra mim o The Information foi uma espécie de Guero domesticado, lavado e mais sem graça. Há boas canções como Think I'm in Love, Motorcade 1000x e Cellphone's Dead, mas no geral é um disco bem polido e fica em cima do muro quando o Guero meteu o pé na misturinha clássica Beck.

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Não sei se eu comecei a prestar mais atenção, mas me parece que os sons mais experimentais estão ganhando terreno. O Hurtmold sempre teve um bom público no cenário indie nacional, mas cada vez surgem mais bandas que abrem mão das estruturas formais e investem na doencinha como estética. A circulação de nomes como Fóssil, do Colorir, Macaco Bong, São Paulo Underground e Headphone L a mim soa como um caminho que se expande. Vamos ver onde dá...

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Mas o rock meio dançante continua sendo o filé das festas indie, né. Quanto tempo mais vai durar? O que vem depois disso? A tal da new rave vai chegar aqui? Vamos ver uma renascença da cena eletrônica com ares acid house ou o psy vai dominar tudo?

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E You Tube? Me tarzan, you tube. Rarará.

O You Tube é a melhor invenção da internet depois do compatilhamento de mp3 e foi navegando nele que eu passei um bom tempo do meu ano online. O mais curioso do You Tube é a rapidez com que ele se alastrou e com que entrou na cultura popular (também a rapidez com que a cultura popular entrou no You Tube). Há exatamente um ano, eu ainda estava gravando CDs para alguns amigos com trechos de shows ao vivo e clips, hábito que logo se tornou anacrônico: agora basta mandar um email com alguns links.

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Os mp3 players ganharam suas versões populares nos aparelhos genéricos de 256 Mb trazidos da China e vendidos em dez vezes nas grandes redes de varejo. Mais uma vez, também, os camelôs tomam a frente na distribuição de tecnologia para a grande massa que não tem mil e tantos reais pra botar num iPod aqui e muito menos 5 mil reais pra fazer uma viagem pro exterior e trazer um iPod de 100 dólares.

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Mesmo com todo o atravanco do país, o uso de internet cresce a cada dia, em grande parte impulsionado por duas culturas paralelas: banda larga mais barata para a classe méida, lan houses e o uso do computador no trabalho para o pessoal com menos grana. Nada mais natural na terra do informalismo. No entanto, tava lendo ontem, os investimentos em publicidade ainda se concentram na TV: 60% contra 2% em investimentos de mídia online.

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Nos últimos dois meses, se fala muito do Second Life no meio do marketing (deu até na Exame). Empresas e agências abrem filiais dentro do mundo virtual e tem usuário fazendo dinheiro de verdade com isso. Mas a real é que ninguém sabe muito bem onde isso vai dar. Não é pra todo mundo, mas tem coisa aí.