K7
Joguei fora quase todas as minhas fitas cassete. Estava há horas pra fazer isso, mas uma hora não deu pra segurar: eu sou muito apegado a não guardar muita coisa.
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Na verdade, eu separei elas pra botar no lixo há duas semanas. Antes, tentei conseguir alguém que quisesse elas pra sei lá o quê. Obviamente fitas cassete não interessam a mais ninguém. Vão pra reciclagem, seja lá o que pode ser reciclado.
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As únicas que guardei foram 3 "cassetes oficiais" por sentimentalismo e as fitas demo por eu acreditar piamente que são um documento importante de uma parte da música brasileira.
Os oficiais que ficaram foi o Warehouse Songs and Stories do Husker Du, 20 Rock Shots do Kinks e o single de El Scorcho do Weezer. Fitas que nunca ouvi muito. Acho que eu ouvi mais Sugar do que Husker Du. Até gosto mais de Sugar.
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Antes de jogar fora fiquei me perguntando se as fitas não vão voltar uma hora, sob um rótulo de vintage, como o vinil. De repente estou jogando fora um milhão de reais. Bom, que seja...
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É possível tecer todo um rosário de loas à fita cassete:o quanto é legal fazer a seleção pra gravar, as boas coletâneas que fiz para pessoas queridas, o manuseio, fazer as capinhas e tudo mais... isso tudo dá um brilhozinho, mas não dá pra negar a maravilha que é ter um bom mp3 player. Mete no bolso e vai, sem precisar ficar andando com aquelas caixas de fita e a caneta bic.
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Em 2000 eu fui de férias pra Espanha, 15 dias sozinho. Ou seja, obrigatório levar o walkman e umas fitinhas. E o raio do walkman estragou no embarque em Porto Alegre. Parou de tocar as fitas. Tudo bem. Apesar de já sair no prejuízo, comprei um walkman qualquer no aeroporto de São Paulo e toca ficha. O problema: o diabo do walkman novo acelerava todas as fitas um pouquinho. Passei 15 dias ouvindo minhas bandas prediletas com voz de pato. Lamentável. Que venha a tecnologia!!
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Falando em tecnologia, se alguém tiver dúvida sobre qual mp3 player comprar, acho que sou um dos poucos que faz propaganda do Zen da Creative. Comprei ele no ano passado quando era concorrente do iPod Mini, antes do advento do Nano. Enfim, o Zen Micro (nem sei se ainda está em linha) tem rádio e gravador de voz, duas coisas que não tem nos iPod. Vale a pena.
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Até andei pensando em lançar uma fita cassete com material solo ano que vem. Mas sei não. Quem vai ouvir? Onde vão ouvir?
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Quando fui visitar o Takeda em maio, vi em Buenos Aires um livro lindo sobre fitas cassetes editado pelo Thurston Moore do Sonic Youth. A capa tá lá em cima, abriu o post e tem o texto de introdução aqui.
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O termo mixtape em sendo muito usado novamente nos últimos anos... acho que no rap nunca foi abandonado. Mas o engraçado é que agora ele designa mais o ato de selecionar e mixar as músicas do que propriamente define o meio. Eu mesmo comprei esses tempos uma das mixtapes do Guab.
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Na real estamos falando não de suportes (fita, cd, vinil), mas de uma atitude de edição: não quero ouvir só desse jeito, quero ouvir na minha ordem, nos meus critérios de seleção, etc e tal. A idéia de mixtape, é óbvio, continua cada vez mais viva e faz ainda mais sentido numa época onde se baixa som música a música. Seleções em CD são meio trabalhosas e sem a diversão lúdica de gravar fitas. Ou alguém aí acha divertido ficar selecionando arquivos em 50 folders pra determinar um playlist? Eu não acho. Não sou de fazer playlists e nos últimos tempos acabei migrando para algo que nunca tive muita vontade, que é o shuffle.
Então eu vejo que o shuffle é quase uma necessidade, não é propriamente uma escolha deliberada (com o perdão da confusão semântica).
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Uma coisa engraçada é o como o suporte CD desvalorizou nos últimos tempos. Amigo meu comentou que grava uma coletanea pra ouvir no carro e depois joga fora... mídia custa tipo 80 centavos, os arquivo tão todos guardados no HD...
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Na boa, o calor tá começando a fritar meus miolos e não sei mais o que estou escrevendo direito... até mais ver... segunda tem um pouco mais sobre uma fita de uma banda catarina que eu acho massa...