10 January 2007

Uéb Brazil, rápidas impressões

Segunda-feira eu estava batendo papo com o Marcello do Serial Cliquer e ele me enviou alguns dados a respeito do acesso à internet no Brasil, coisa oficial do CGI, o Comitê Gestor de Internet no Brasil.

O número de domicílios que têm computador cresceu de 16% em 2005 pra 19% em 2006 (embora só 14% tenha acesso à internet). A posse e o uso de computador conectado à internet cresceram mais nas classes BC, especialmente entre o público de 10 a 15 anos. O uso principal das classes CD é nos centros de acesso público pagos (lan houses e internet cafés) enquanto que, claro, as classes mais altas usam a internet de casa banda larguíssima.

Os números confirmam o senso comun: o acesso à internet ainda é muito restrito e os hábitos de acesso são definidos por classe social e região do Brasil. Quem tem mais grana/escolaridade ou mora em regiões mais ricas acessa mais e de casa na banda larga. Quem tem menos grana/escolaridade ou mora em regiões mais pobres acessa menos e na lan house.

Um número interessante: 50% das pessoas que possuem internet em casa ainda acessam pelo miserável dial up. 28% tem xDSL. O principal motivo para as pessoas não instalarem banda larga é, claro, o alto custo (51% declarou isto). Mas 21% acham que "não tem necessidade" e não se importam de acessar pela internet discada: gente paciente!!!

Embora tudo isso corrobore ainda mais a impressão de que eu viva num mundo extremamente elitizado e restrito, é interessante ver como o ASSUNTO internet é mais vasto do que o seu uso ou suas aplicações. Vide a repercussão do bloqueio do acesso ao You Tube por causa da Cicarelli na midia de massa. É provável que a imensa maioria da população não se importe muito com não poder acessar o You Tube.

Mas o estrato da sociedade afetado coincide com o estrato que mais consome e comanda a mídia. Um mais um é igual a dois: a maioria da população se vê envolvida em uma discussão sobre algo a qual ainda não tem muito acesso.

Mas vai ter. É negócio pra todo mundo que tenha.

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Uma coisa óbvia a respeito da pesquisa do CGI: a presença de celular em domicílios cresceu de 61% pra 68%. O telefone móvel é a estrela do acesso à tecnologia e à convergência, com cada vez mais aparelhos elaborados a preços baixos ou condições de pagamento muito facilitadas em tudo quanto é loja. Outra coisa curiosa a respeito de celulares: o número de pessoas que declara usar o aparelho pra enviar mensagnes de texto cresceu de 40% pra 60%. O número de pessoas que declara usar serviços de download de músicas e filmes é baixo ainda (entre 10 e 15%), mas respeitável se você parar pra pensar no quanto isso pesa na conta de telefone.

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Mais detalhes aqui, no site do CGI.