27 June 2007

As conexões do Conector


Uma coisa engraçada aconteceu comigo: depois de 13 anos trabalhando com criação na área de publicidade, eu estou abandonando o posto e recomeçando numa nova área, num novo departamento, com novas funções que em parte ainda estão pra serem definidas.

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Pra contextualizar vocês: até semana passada eu era redator. Redator é metade de uma dupla de criação. A outra metade é o diretor de arte. Desde 1993 que eu sou redator e minha principal atribuição é sentar com o diretor de arte e pensar idéias/conceitos que geram anúncios, spots de rádio, comerciais de TV, outdoors, essas coisas. Nos últimos anos, entretanto, eu comecei a sentir que "redator" é muito pouco pra descrever o que eu posso e o que eu gosto de fazer. Nessas, acabei me aproximando muito da área de planejamento - que trabalha todo o contexto prévio de uma campanha publicitária, cruzando os possíveis caminhos criativos com o comportamento do consumidor, contexto mercadológico, etc.

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No início do ano, comecei a esboçar um projeto para uma nova área na agência onde trabalho, voltada para a inovação em publicidade, o que engloba todas essas questões de mídias digitais, no-media, essa coisarada toda que tá todo mundo falando mas que ninguém ainda compreendeu muito. Muita gente diz que compreende, mas a real é que o mercado publicitário anda testando as mais diversas hipóteses, criando laboratórios experimentais dentro da criação,
turbinando o planejamento, agregando expertise de markerting de guerrilha ou de internet às suas equipes... tem de tudo um pouco.

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No caso da Escala, a agência onde eu trabalho, a opção foi pensar a inovação do ponto de vista dos meios e revoluiconar o departamento de mídia, o setor da agência responsável por planejar e executar as estratégias de distribuição do conteúdo.




É aí que entra um pedaço do artigo que eu escrevi pra divulgar esse novo esquema no material institucional da agência.

"Até bem pouco tempo atrás, agências, clientes e consumidores viviam uma relação um tanto quanto previsível: por um lado havia um número limitado de meios e ferramentas, por outro havia o impacto de um número limitado de mensagens. Mas, nos últimos anos, a tecnologia virou o mundo de cabeça pra baixo, multiplicou os pontos de contato das marcas com seus públicos e quem antes era atingido por uma dose aceitável de comerciais, anúncios, spots e outdoors passou a ser soterrado por uma quantidade incrível de mensagens em inúmeros meios.

Essa é a grande característica da revolução que estamos vivendo: é uma revolução de meios. Hoje tudo pode ser um meio de conexão com o consumidor: um comercial de TV, um vídeo na internet, um game, um desfile de moda, uma ação de marketing de guerrilha ou um evento no Second Life.

Se estamos vivendo uma revolução de meios, por que também não revolucionar a área da agência que lida com eles? A resposta da Escala para essa questão se chama Área de Conexões.

A Área de Conexões surge para substituir o atual Departamento de Mídia. Vamos parar de falar em mídia e começar a enxergar as conexões, sejam elas através de meios eletrônicos, digitais ou físicos. Seja um espaço na televisão, no Google ou no meio da rua.

O trabalho da Área de Conexões será entender e agir nesse novo contexto com mais agilidade e criatividade, sempre buscando os pontos de conexão mais adequados ao target e à marca. Além de continuar trabalhando com as conexões tradicionais de uma forma inovadora, vamos também investigar, testar e utilizar toda e qualquer conexão que esteja surgindo. E quando for necessário, vamos também criar novas conexões.

O texto segue exemplificando com trabalhos que viemos fazendo no último ano. Não vem ao caso aqui nesse blog. Só estou querendo contar essa novidade e explicar por que ali no meu profile agora não tem mais escrito "Redator" mas sim "Coordenador de Conexões".

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Há algumas semanas que eu venho trabalhando nessa área e é uma mudança um tanto radical: da geração de conteúdo pra distribuição de conteúdo. É um desafio e tanto também aprender a trabalhar a criatividade dessa forma, sem necessariamente ser responsável pela geração da mensagem, mas sim da inteligência dos meios.

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A Fernanda Romano, uma brasileira que é diretora de criação da Lowe NY e está se mudando pra Lowe Latina, disse há algumas semanas: "O mídia é o novo criativo". Meu chefe, que esteve no Festival de Publicidade de Cannes, disse que viu uma palestra onde havia um slide com a mesma frase.

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Em outras palavras: é nói!





Quem é da criação e lê esse blog talvez tenha uma vaga idéia da imensa mudança que é isso. É uma quebra total de rotina e de ambiente. É uma viagem. É outra vida. Eu confesso que ainda estou me acostumando e de vez em quando me pego bastante apreensivo.

Não sei. Não sei. Não sei. Essas são as palavras que mais me vem à mente. Mas também são as palavras que mais me incentivam a descobrir novos caminhos.

(Ok, isso aqui ficou brega. Muito brega.)

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Alguns colegas fizeram piada com o nome do blog, dizendo que eu já tinha tudo planejado há 2 anos. Mas nome Conector nasceu por outro motivo: por eu acreditar que todos os assuntos e ambientes pelos quais eu circulo estão conectados de alguma forma, por mais díspares que seja sua aparência. Mas não deixa de ser uma coisa curiosa que eu venha me tornar justamente Coordenador de Conexões.

É óbvio que de alguma maneira muito curiosa e não totalmente clara, tudo isso está totalmente ligado.

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Só para deixar claro... isso não afeta em nada minhas outras atividades. Vou continuar tocando por aí com os Walverdes (minha verdsdeira faculdade de comunicação integrada, com graduação, mestrado e fazendo o doutorado), alimentando o blog, escrevendo pra revistas e sites... toda a coisarada... é possível que de vez em quando os assuntos caiam um pouco mais pra essa questões das conexões... mas a gente vai equilibrando por aí.

Sem mais para o momento, subscrevo-me...