Quitutes do Finde
Começamos com Walverdes de nuevo. Quem é de Porto Alegr e arredores pode pintar no Manara que hoje tem GIG ROCK em comemoração ao Dia Mundial do Rock. Vamos tocar ao lado de um monte de bandas boas. A programação completa tá lá no fotológuio.
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Segunda à noite tava eu em SP solitário num quarto do Formule 1 quando zapeei e caí na entrevista com o Guillermo Arriaga no Roda Viva especial Flip. Pra quem não ligou o nome à pessoa, Arriaga é um dos roteiristas mais comentados do cinema atuálito, 50% da conjunção LennonMacartiana responsável por Amores Brutos, 21 Gramas e o avassalador Babel. O cara também é escritor e tudomais, mas confesso que não conheço toda a obra dele. Na real, da trilogia eu vi só Amores Brutos e Babel, e digo-lhe que me basta por enquanto, pois ainda hoje há material nos fundos da minha mente sendo digerido - especialmente no caso de Babel.
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O caso aqui é que o Arriaga se mostrou absurdamente articulado e com uma visão muito ampla enquanto fala do seu trabalho. Não dá pra reduzir tudo q ele colocou a um mero parágrafo do Conector, mas basta dizer que entendi um pouco melhor o massacre que é Babel. "Hoje nos noticiários e nos filmes a morte é banalizada, não há peso algum." disse Arriaga. Ok, constatar isso QUALQUER zé mané constata. Mas aí vem o que separa o roteirista mexicano de nós, quaisquer zés manés. "Eu quis resgatar o peso real que a morte tem na nossa vida". Quem viu Babel pode notar que não falta a ele a menor competência pra, de fato, conseguir resgatar o impacto reflexivo do assunto "morte"no cinema. Também podemos falar em "inevitável" ou "interdependência". E por aí vai.
A conversa seguiu muitos rumos (e em alguns pontos achei ele um pouco moralista demais) e a minha mente ficou pensando em como faltam pessoas como ele na minha profissão, na publicidade. Desde terça que eu venho tentando levantar algum exemplo de um publicitário que inspire esse tipo de reflexão no seu meio. Mas, vamos encarar a realidade: eu acho que não há. Resgato das minhas lembranças todas as entrevistas e livros que eu já li a respeito de grandes publicitários e não encontro nada muito parecido. Sim, existem muitos publicitários inspiradores no sentido artístico, pessoas com uma massa criativa absurda, gente da maior instigências, em muitos casos menos connservadores do que muitos "artistas" mesmo.... mas me lembro de muito poucas ocasiões onde li ou ouvi algum publicitário indo um pouquinho além do seu meio com um pouco mais de profundidade, que saiba olhar o impacto da publicidade com uma visão mais ampla sem cair nos extremos da culpa católica ou da auto-indulgência absoluta.
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Há quem pense que talvez não seja papel dos publicitários fazer isso. Concordo em parte. Pode, em muitos casos, soar desnecessariamente hipócrita ter um discurso social em uma entrevista sobre as últimas tendências da publicidade. Mas não é hipócrita ressaltar contradições com um pouco mais de honestidade ou no mínimo admitir que fazemos parte de um contexto mais amplo, o que inclusive tiraria um pouco do peso da culpa que atribuem à publicidade por algumas das mazelas sociais.
Não posso deixar de citar gente como o Stalimir Vieira, um publicitário que mantém uma coluna no jornal Propaganda e Marketing com uma massa crítica rara. Confesso que já faz algum tempo que não leio os textos dele, mas durante muito tempo fui leitor regular, inspirado pela capacidade dele de ligar assuntos e contextualizar questionamentos. Às vezes exagerado, às vezes com um viés esquerdista q não bate muito com o que eu penso, mas não importa: é preciso de vez em quando.
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Falando em inspiração, achei esse filme altamente inspirador. Uma idéia simples (se não deu pra entender, dá um pulo nos comments do You Tube q tem a dica) executada com uma visão poética linda. Dá uma parada em tudo, te faz prestar atenção. Legal. Fazer dar uma parada em tudo hoje é mérito.
Espero que a empresa anunciada preste e faça jus a esse lindo filme.
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Outra boa: o episódio dirigido por Alexander Payne pro filme "Paris, Eu Te Amo". É um dos melhores segmentos do filme, que também conta com pequenas histórias de 5 minutos inspiradas em Paris e dirigidas por gente como os Irmãos Coen, Wes Craven, Alfonso Cuarón, Tom Twiker, Gus Vant Sant... nem tudo presta, mas tem uma meia dúzia que vale o ingresso. Um deles é esse queridíssimo do Payne.
Se tu não tá a fim de pagar ingresso, tá aqui a seleção do Conector dos melhores pedaços do filme (inteiros!).
"Bastille", uma linda história sobre amor, uma relação com a noção presente de morte e legendas em português.
"Place des Fêtes". De novo amor e morte, dessa vez com uma narrativa circular interessante.
"Quartier Latin". Ben Gazarra e Gena Rowlands destilando veneno entre divorciados...
"Parc Monceau". Nick Nolte e uma mina novinha... sugestivo...
No intermediário, temos uns que são legaizitos:
- Faubourg Saint-Denis, dirigido pelo Tom Twiker (Corra Lola Corra, Paraíso). Final meio palha.
- Tullieres, dirigido pelos Irmãos Coen, com Steve Buscemi - meios anos 90 demais, mas legal. Sem legenda mesmo, de propósito.
- Les Marais, do Gus Van Sant, com um joguinho de mal entendido curioso e bem humorado.
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Tá bom?
Bom finde.