14 September 2007

Walverdes & Motoboys



Amanhã é dia de pegar a 101 e ir tocar na ilha da Magia com o pessoal do Kratera. Mas a gente promete que não vai fazer isso aí da foto. A gente toca alto mas é comportado. No domingo, seguimos pela 101 até Camboriú pra tocar com o Matanza por lá.

Se você estiver por perto, apareça. Na viagem pretendo terminar o livro do Maeda que eu citei, pra postar alguma coisa por aqui. Estou ansioso pra falar desse livro.

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Documentário do Caito Ortiz com roteiro do Giuliano Cedroni. Ok. Mas findos os 54 minutos e eu não sabia muito bem o que pensar. Durante vários dias, aliás, não consegui decidir se eu gostei ou não gostei do que eu vi. O que só pode significar coisa boa.

O grande lance do documentário, pra mim, é não fazer da questão "caos urbano" uma equação matemática e exata - como o diretor e o roteirista poderiam muito bem fazer de posse de tantas entrevistas com especialistas em urbanismo e tráfego. Há uma sagaz manha também em fugir do sensacionalismo e da dramaticidade barata. Aqui também nunca vão faltar recursos: depoimentos indignados, vidas "sofridas" e duras imagens de violência urbana no trânsito são material em farta oferta.

Em "Motoboys - Vida Loca", portanto, existe uma saudável distância emocional, muito rara nesse Brasil tão emotivo e inutilmente intenso, mas isso não se traduz de forma alguma em assepsia.

Existem sabores fortes, existe velocidade e existe vida. Você começa se colocando à parte da história e é sutilmente incluído dentro do assunto não por ser motoboy, motorista ou pedestre mas por causa da ressonância das questões humanas. Não é uma questão, afinal, de vias de trânsito, retrovisores ou entrega de material.

Um detalhe importante: aqui temos a oportunidade de assistir tudo isso em vídeo digital, o que confere um tom absurdamente AGORA para o "filme". A resolução das imagens, o jeito como elas são apresentadas, tudo tem esse jeito misturado de novidade com familiaridade, essa nova forma do mundo de se enxergar (pela tela do computador, do celular e da câmera digital) que chegou há pouco mas que já é de casa.

Somando, dividindo, subtraindo e multiplicando, o que resta é pensar é que o "vida loca" que supostamente deveria descrever o cotidiano dos motoboys talvez esteja se referindo a muito mais do que isso, ao entorno. No fim das contas, guardas proporções e distâncias sociais, quem hoje não leva uma "vida loca"?

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Se interessou? Pede pro pessoal da Prodigo.