19 October 2007

Pânico em SP - Conector no Maximídia parte dois


Insight meu > em breve não existirá apenas um departamento de criação nas agências, mas três: o de criação, o de planejamento e o de mídia. Os projetos podem sair de qualquer lugar. Aqui na Escala isso anda acontecendo direto. Há trabalhos que são desenvolvidos dentro da área de Conexões sem necessariamente a participação da criação. Sei também de diversos casos em outras agências onde projetos diferentes têm saído do planejamento. Não me surpreendo se campanhas começarem a ser (ou já são...) desenvolvidas direto no atendimento ou no RTVC. Por que não? Me parece mais lógico ter pessoas capacitadas a desenvolver idéias em todos os departamentos do que concentrar em apenas um. Claro que isso também exige um outro esquema de funcionamento, uma outra cultura, uma abertura e uma disposição de quebrar paredes - não a quebra de paredes físicas dos anos 80 (nos anos 90 pintaram tudo de branco), mas a quebra de paredes dentro da mente de cada profissional. Des-departamentalizar externamente é fácil, complicado é des-departamentalizar a mente. Mas é a saída para as agências maiores aprenderem a se mover num mar de fornecedores inovadores de outra área e a fertilidade na área de hot shops.



Sloooooow down > como eu disse, a Barbara Kennington do WGSN trouxe três tendências bastante poéticas. Pra começar, diz ela que "todo mundo no meu time tem uma visão particular". E tacou-lhe lá três macrotendências, uma relacionada à retomada do espaço urbano como um local de convívio comunitáro (em plena explosão de redes digitais), outra que diz respeito à transformação física e perceptiva das coisas ("os cientistas são os novos criativos") e a terceira (e que eu mais gostei) chamada extraORDINARY, de valorização do simples... não do simples bucólico e ingênuo, mas da revalorização das pequenas coisas no contexto corrente. Entendeu? Enfim... o que são essas macrotendências? Não quer dizer que isso tudo "esteja na moda", mas que são movimentos de consumo e criação que vem sendo lentamente identificados como uma propensão geral. E se você parar pra pensar meio minuto vai se dar conta que são comportamentos que andam nos rondando já por uma questão de equilíbrio da velocidade, complexidade e digitalização de tudo. "Coisas do dia-a-dia são mais eficientes em melhorar nossa vida" disse ela, em detrimento de grandes apetrechos ou viradas.





Pensar pequeno não é fácil> Vim pensando na época do acidente da TAM. Muita indignação, movimentos aqui e acolá dizendo "Basta". E um comentário geral que eu não curto dizendo que "o brasileiro é muito apático". Eu realmente não acho que o brasileiro seja apático, eu acho que as coisas acontecem de uma forma menos lógica no Brasil. Eu acho que o tempo dos grandes protestos acabou de fato e que as maiores e mais relevantes mudanças não serão feitas por passeatas ou movimentos espalhafatosos, mas por uma série de mudanças individuais e de pequenos grupos que são ligados em rede de forma não-linear e nem sempre coordenada. É muito mais fácil organizar uma vultosa passeata do que mudar um hábito nocivo próprio.




Criatividade não é um processo, é uma cultura > disse a Rosemary da Fallon. Ela veio no lugar do Pat Fallon, rockstar da publicidade mundial, cuja agência fez alguns dos comerciais mais interessantes dos últimos anos, como esse, esse e esse da Sony Bravia. Falou, falou, mas o resumo de tudo pra mim foram, de novo, as dicas práticas de como implantar uma cultura criativa em toda a agência. As mais legais são "demita os pentelhos" e "trate bem os connectors da sua empresa", que vem a ser as pessoas que fazem a ligação social dentro da estrutura (e não as pessoas que tem blog de nome Conector). Ela também ressaltou a necessidade de trabalhar de forma aberta, colaborar com diferentes áreas e empresas. Ao que parece, vai caindo cada vez mais a relevância da autoria. O cara da Phillips também bateu muito nessa tecla.




Blue sky thinking > O cara da Phillips é o Marco Bevolo, Diretor de Design da Phillips. Diferente do que o cargo sugere, ele não desenha eletrodomésticos, mas investiga cultura e comportamento em nível mundial pra fornecer à companhia holandesa o input necessário pra criação de produtos a longo prazo. Em outras palavras, ele é pago pra comandar as maiores pirações possíveis que são separadas em três níveis: piração pela piração, piração que pode vir a vingar e piração que deve vingar em breve. Da primeira categoria à última um produto pode atravessar 15 anos. O resumo de tudo pode ser um LINDO curta-metragem do Wong Kar Wai que foi criado pra lançar uma televisão nova cuja moldura se adequa às cores predominantes da imagem. O curta está logo acima.

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Enfim. É tudo aquilo que a gente vem comentando aqui e em outros âmbitos interessantes e interessados. Quem quer quer, quem não quer, abraços...

A questão não é “quem apaga a luz”, mas “quem acende?”

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Ah: as ilustrações desse post são todas minhas. Resgatei do arquivo morto.