16 October 2007

Pânico em SP - Conector no Maximídia


Se eu tivesse o desprendimento de resumir o Maximídia inteiro em uma palavra só, ela seria medo. Pois é. Não seria, infelizmente, ousadia, arrojo (arrojo?) ou abertura, mas medo. Era disso que era feito o ar encapsulado no centro de convenções do World Trade Center semana retrasada, quando gente de agências de publicidade, veículos e fornecedores de mídia se reuniram pra comer salgadinhos gratuitos, ganhar brindes, trocar tapinhas nas costas, conversar sobre os rumos dos investimentos e, olha só, até refletir um pouco (não muito) sobre o futuro da atividade no Brasil.

Pros não publicitários que lêem o blog, a área de mídia é tradicionalmente a que planeja e compra os espaços publicitários nos diferentes veículos. Por ter essa natureza, é uma área extremamente forte, pois hoje o grosso do faturamento das agência vem de comissões em cima da compra de espaço publicitário em tv, revista, internet, mídia externa e por aí vai.

É a área pra onde eu vim trabalhar no meio do ano, desde que deixei o posto de redator. Aqui na Escala, o nome foi trocado pra Conexões pra poder englobar as outras atividades que estão revolucionando a área em todos os lugares. Aqui a gente não só compra espaço, a gente investiga novos meios, planeja junto com o planejamento, cria junto com a criação, desenvolve projetos e expande os limites do que se vinha fazendo.





Mas por que o medo? Porque a maior parte dessas pessoas e empresas está sentada em uma montanha de dinheiro que, aparentemente, ameaça ruir. Não de todo e não logo, mas acho que se eu estivesse sentado em tamanha montanha de dinheiro, também estaria tomado pelo medo e exagerando nas previsões, evitando o novo. Essa é a grande vantagem de não estar sentado sobre uma montanha de dinheiro: você não tem grandes receios de perder o seu cercadinho.

Decepção > poucos foram os que abraçaram (nem que fosse por vaidade ou pra se fazer de moderno) o fato de que a publicidade como um todo está tendo suas estruturas corroídas. Saí no meio de um debate chamado "Novos Tempos e Novos Desafios – A Eficácia da Mídia em Mutação" depois que um participante falou: "Estamos vivendo um tsunami e em época de tsunami corremos pra nos proteger no morro. Nosso morro é a televisão, rádio, jornal e outdoor." Tenha a santa paciência... me lembrei de uma senhora em um documentário (não vem ao caso qualé) dizendo que guardava um conselho da época da segunda guerra: "Quando você ouvir uma bomba caindo, não fuja dela. Corra em direção a ela, que ela tende a passar por cima de você". Correr em direção à ameaça sempre me parece algo mais... interessante - ainda que apavorante.



Desespero > um cara da GM, Samuel Russel, dizendo que o posicionamento do novo carro da GM, o Prisma, saiu da boca de um cara da produtora de eventos ligada à GM. Explico: até então, esse tipo de trabalho era exclusividade da agência. Mas hoje o trabalho de comunicação está tão pulverizado que começa a aparecer neguinho de tudo quanto é lado pra trabalhar a marca. E a agência pode ter duas atitudes: se fechar e tentar defender seu cercadinho de uma revolução inevitável ou tentar aprender a trabalhar de forma colaborativa, quem sabe estudando os conceitos de compartilhamento, open source, essas coisas. Qual parece mais instigante a você? Você quer trabalhar numa agência lidando com o caos ou numa repartição pública batendo carimbo?

Surpresa > Alexandre Gama, dono da Neogama BBH, explicando como está fazendo NA PRÁTICA (na teoria é fácil) pra se inserir nesse novo momento. Dividiu o comando da agência com outros dois profissionais que não são da área de "publicidade tradicional" e anda instruindo suas duplas de criação a não pensarem peças, mas "idéias-prima" que resolvam o problema do cliente mesmo que não seja com um anúncio ou um comercial e que possa se desenvolver em qualquer plataforma. Bingo.

(continua)