16 May 2008

Conector em Gotham - parte 1 de muitas

Pôr do sol na sétima avenida

Onde eu andei todo esse tempo? Eu estava em Nova Iorque. The Big Apple. Gotham. Nova Iorque Contra o Crime. Lar do Demolidor.

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Foram 8 dias da melhor forma possível: com a minha mulher, que além de ser minha amada, já foi meia dúzia de vezes pra cidade. Ou seja, em nenhum momento precisei me preocupar com aquela coisa de mapas ou direções. Tudo que eu precisava fazer era ficar boquiaberto com a quantidade absurda de informação que meu cérebro tentava absorver. O principal efeito de Nova Iorque sobre mim: fazer eu me sentir com oito anos de idade.

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Por muitos motivos me senti dessa forma. Primeiro por isso, por estar sendo levado de um lado para o outro feito sem precisar nem olhar nome de rua. Segundo porque estar na cidade ativou um sem número de lembranças sentimentais ligadas a filmes e quadrinhos que entraram pelos meus olhos e ouvidos especialmente na infância. Terceiro porque tudo na cidade parece ser tão farto e estar tão à mão em uma variedade tão grande que me senti uma criança numa loja de brinquedos.


frio na sétima avenida

Durante os primeiros três dias parecia que eu tinha fumado haxixe. Não consegui entrar na vibe aceleradíssima da cidade, como uma espécie de distanciamento, mas ao mesmo tempo me sentia meio em casa com tantas esquinas e prédios já visitados através das história do Demolidor ou dos filmes do Woody Allen. É uma sensação muito esquisita e várias outras pessoas que já foram pra lá me confirmaram esse efeito.

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Mas isso foi uma espécie de proteção. Porque, na real, a impressão que eu tive é que o ar da cidade cheirou cocaína. Em todo lugar tem gente andando rápido, indo de um lugar para outro. Muita gente. O tempo todo. "The city that never sleeps", diz um slogan local. Não sei se isso deveria ser motivo de orgulho.

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A grande questão é: pra onde essas pessoas todas estavam indo? Pra outro lugar não é porque, até onde sei, a população da cidade está crescendo e não diminuindo. Então temos mais de oito milhões de pessoas trabalhando duro, trabalhando muito mesmo (parece que mesmo os ricos trabalham bastante lá, vai entender), correndo o tempo todo e não indo a lugar algum. A cidade nunca dorme mas também está sempre lá, parada no mesmo lugar. Não há notícias de que as ilhas que formam Nova Iorque tenham se movido em alguma direção que seja. De alguma forma, não parece fazer sentido toda essa velocidade. É um verdadeiro paradoxo de física moderna.

(continua...)