08 March 2006

Ainda o livro aquele

"É assim que Brook caracterizava a contraposição de burgueses e boêmios: 'Os burgueses valorizavam o materialismo, a ordem, a tradição, a sensatez, a autodisciplina e a produtividade. Os boêmios buscavam a criatividade, a rebeldia, a novidade, a capacidade de expressão, a generosidade espiritual e a experimentação.' Cabe perguntar: qual de ambos reflete melhor a mentalidade do capitalismo contemporâneo?

Quem opotou pela primeira corrente pensa que o capitalismo requer conformismo para funcionar adequadamente. Mas não é assim. Na verdade, acontece exatamente o contrário. O capitalismo se nutre do que Joseph Schumpeter chamou de 'a eterna tempestade de destruição criativa', ou seja, uma natureza mutante estruturada em ciclos sucessivos de 'geração e experimentação'.

(...)

O boêmio se considera um radical, um subversivo que se nega a aceitar a maneira habitual de fazer as coisas. E isto é precisamente o que mantém acesa a chama do capitalismo.

(...)

A contracultura, nos diz Thomas Frank, pode explicar-se melhor como mais uma etapa do desenvolvimento da mentalidade burguesa americana, um ato interessante do melodrama do consumismo individual no século XX."

E por aí vai.