14 March 2006

Uau, polêmica no blog

Comentário de um anônimo sobre o post anterior:

"Anônimo disse...
Desculpe a intromissão, estava aqui de passagem.

Não resisti comentar uma dúvida que me surgiu. Com 4 anos trabalhando em banco peguei um certo asco por palestras desse tipo. Minha dúvida é se isso é uma grande perda ou se até é uma poluiçãozinha saudável, para uma pessoa comum como eu.

Pode ter conteúdos semelhantes ao budismo, mas a intenção verdadeira disso é produzir grana para algum indivíduo, a despeito da qualidade de vida dos envolvidos. A intenção real é esta, com uma roupa bonitinha pois é uma manipulação mais inteligente.

Não consigo desvencilhar a prática que vejo no dia a dia, de lucrar milhões com a ignorância, desequilíbrio e necessidade das pessoas (sei que no seu trabalho pode ser bem diferente, não conheço muitas empresas), que é coisa bem diferente dessa teoria tão aparentemente boa que eles pregam. Fica um discurso cheio de 'ar', sem consistência, pra não dizer hipócrita.

Não é nada com você viu, não quero que se sinta atacado. E admito que minha revolta emocional está aumentada por problemas particulares.

Puxa...
é isto... "


Sr. Anônimo... entendo o que você quer dizer completamente. Mas acho que o aproveitamento de absolutamente QUALQUER conteúdo não reside na intenção de quem está o passando e sim na disposição de quem o recebe. Isso inclui palestras.

O tal do Charles Watson não me pareceu caça-níquel. Quer dizer, ele pode até ser, sabe-se lá. Mas ele pode caçar meus níqueis o quanto quiser porque as coisas que eu aprendi na palestra vou levar comigo para a vida e valem uma grana. De qualquer maneira, foi a empresa que pagou. Isso é um aspecto.

O outro é o seguinte. A empresa pagou por um motivo muito simples: fazer as pessoas renderem mais para a empresa. O que é muito natural. Por que ela iria pagar um curso? Pras pessoas surtarem? De qualquer modo, pelo que vi no geral, a palestra tocou muita gente. O que cada um vai fazer com isso, se vai se acomodar ou não, é de foro particular e não vamos - por favor - colocar a culpa nas corporações ou no "sistema". Que cada um assuma de uma vez por todas seu grau de incapacidade de chutar o balde. Já notou como todo mundo sempre tem um culpado para sua situação?

Mais uma coisa: vamos evitar de cair no clichê surrado (esse sim rende milhões...) de que a única maneira de ter uma vida significativa é abandonar o terno e a gravata, dar uma banana para as instituições e cair na estrada ou ter algum tipo de atividade alternativa como virar horticultor de vegetais orgânicos. Nada contra isso, mas é perfeitamente possível se tornar um conformista covarde se metendo em uma profissão alternativa depois de chutar o balde. Verdadeiros talvez sejam os culhões de quem se mantém onde está e dali transforma sua visão. Ou não. Cada um é que sabe de si.

Quarto: eu já recebi conteúdos interessantes nas situações mais pitorescas. Uma vez eu estava com um problema particular me atazanando e recebi a resposta do problema vendo um filme horroroso que era sequência do Silêncio dos Inocentes. Uma frase do Hanibal Lecter de repente fez todo o sentido do mundo e carrego ela comigo até hoje também: "Só porque você está tremendo, você não é covarde. Covarde você seria se nem estivesse aqui."