Algumas do Proxxima
Anotações do evento que rolou terça e quarta em SP.
Poucos insights novos
Antes de mais nada, minha primeira impressão do evento foi de pouca inovação. Pôde-se ver muitos cases e dados interessantes, iniciativas muito bem sucedidas no ambiente online e cross nos dias de hoje, mas quase nenhuma solução que já não tenha sido pensada ou usada. Assuntos como conteúdo gerado pelo consumidor, erosão da atenção, Second Life e a necessidade de integração em diferentes plataformas foram continuamente citados sem muitos insights novos. Foi um evento mainstream, falando em web 2.0 enquanto em termos de tecnologia já se está pensando em web 3.0. Quase todos, senão todos, exemplos trazidos por palestrantes já haviam circulado e sido debatidos no meio ao longo de 2006 ou dos primeiros meses de 2007.
Pouca humanidade
Também havia no ar, a meu ver, uma falta de conteúdos e posturas inspiradoras e humanas. Fala-se muito no “consumidor” e nada nas pessoas. Muitos números, pouca sensibilidade (que é parte fundamental nos esforços que elevam os números). As marcas e empresas reconhecem e querem valorizar o poder que o consumidor têm, falam muito de colaboração e redes sociais, mas ao menos no seminário se mostraram pouco sociais e humanas. Não estou falando de assistencialismo ou de iniciativas no terceiro setor, mas o desfile de gráficos e números faz pensar se o mercado não patina às vezes por falta de contato humano, de conhecer as pessoas. Todas as dúvidas e perguntas do marketing a respeito do que fazer nesse momento de mudança podem ser facilmente respondidas com um olhar mais humano sobre os assuntos. É sobre isso que é a tal web 2.0: mais colaboração, menos avidez.
Não precisa brigar
A boa notícia que eu trago do Proxxima é que me parece estar acabando aquele discurso fatalista de “as novas mídias vão acabar com as antigas mídias”. Muitos foram os que sublinharam claramente que a TV e a mídia impressa não vão terminar. Michel Lent, no último e o mais legal painel do segundo dia, deu a barbada: o Brasil tem a realidade a internet banda larga e a realidade da TV aberta. A gente precisa estar presente nessas duas realidades. Ao que a Paula Rizzo, diretora de inovação da DM9DDB completou: a gente quer o melhor de cada mídia. Ou seja, sim, está tudo mudando. Mas não é uma questão de abandonar isso ou aquilo e sim de integrar. Tudo tem seu valor dentro de um planejamento de marca maior. Quem define o que é importante ou não é o target.
O poder do conceito
Também ficou claro pra mim que ninguém precisa se apavorar se tem um conceito forte e bem construídos nas mãos. Una-se uma marca forte e de personalidade + canais inovadores + fornecedores que ajudem a fazer bem a tradução pro canal e não tem drama. A palestra do Drew Shutte da Wired valeu muito por isso: a Wired pode não ser mais uma revista tão cool, mas é um exemplo de consistência e fluidez de marca nos diferentes meios em que se manifesta (revista, site, celular, eventos, criação de conteúdo, loja).
Abrir mão do controle
Outro discurso que foi repetido como um mantra é: relaxe. Não há mais como controlar tudo que vão falar e fazer com sua marca hoje em dia, então é preciso ter uma atitude mais aberta, mais open source. O já clássico case de comerciais feitos por consumidores detonando o Chevy Tahoe foi citado pela presença de espírito da montadora em deixar os comerciais online, não entrando em choque com quem havia criado os filmes sacanas.
Updaters
O painel mais dinâmico ficou por conta do pessoal do Updaters. Abrindo mão da montanha de gráficos e números de outras apresentações mais corporativas, teve joguinho interativo com a platéia abrindo um debate descontraído e orgânico que trouxe mais raciocínios interessantes & entusiamados do que muito palestrante de porte. A mediação do Marcelo Tas colaborou pra fazer tudo brilhar um pouco mais, acordando quem estava com sono por causa das outras palestras da tarde. Destaque pra excelente tradução de “long tail”: o rabão.
Sky Blue Sky
O novo disco do incrível Wilco já está disponível por aí. Foi a trilha sonora do evento pra mim. Passei vários intervalos ouvindo o som de uma das minhas bandas preferidas, que enfiou o pé total no clima "john lennon solo" + soul music. Vocês vão ler mais sobre esse disco aqui assim que eu digeri-lo mais.
Algumas frases
“Technology is the rock`n`roll of our time.”
Drew Shutte, Wired
“Don’t panic”
O primeiro conselho que T.S. Kelly da Media Global Contacts dá a seus clientes.
“É, acho que logo a gente vai estar botando filminho no site da Gol.”
Tarcisio Gargioni, o tiozinho da Gol que deu banho em muito garoto
“If you talk to people the way advertising does, they will punch you on the face.”
Citação não sei de quem usada pelo Nigel Morris da Isobar
Invencionice curiosa
O termo “nanoaudiências” pra descrever os públicos de nicho.
E mais
Eu tenho páginas e mais páginas de cadernos com anotações. Mas provavelmente vou despejar aqui aos poucos sob a forma de artigos, misturados com outras coisas.