23 May 2007

Jogo do Sério



Isso não é novidade, é do ano passado. Mas pra mim é novidade.

Unflinching Triumph. Um documentário sobre Staredown, uma variação do nosso "jogo do sério", no qual duas pessoas precisam ficar se encarando até que uma pisque - e perca.

O filme de 75 minutos em 9 partes acompanha a trajetória do atleta emergente Phillip Rockhammer na sua busca pelo título americano de Staredown pela NASP. Os treinos, as eliminatórias em diferentes cidades, os dramas, as figuras da cena de Staredown, as regras, a história, os amigos, a namorada, está tudo em Unflinching Triumph.

***

Na real, não estamos falando de um documentário, mas de um dos chamados "mockumentary", um documentário falso (bruxa de blair, alguém?). Não só o documentário é falso, como também o esporte e todo entorno que o acompanha: as regras, os websites relacionados, o contexto. Foi tudo criado pela global Akqa em parceria com a Kontent Films só pra testar & ganhar expertise em criação de conteúdo, filmes online e marketing viral. Ganharam prêmios, visibilidade, loas e tudo mais.

***

Então tem várias coisas aí.

Comecei assistindo o filme com um pouco de desconfiança. Enquanto mockumentary é mais mock do que mentary. Isso quer dizer que a cara de documentário é meio forçada de vezm em quando.

Dito isso, a real é que a história é tão bem contada que eu me conectei totalmente com os dramas do Phillip Rockhammer. Então tanto faz se é documentary, mockumentary, seiláoquementary, ficção, estamos na área turva do entretenimento contemporâneo, um lugar onde você nunca sabe muito bem o que é o que, se é real ou não, se a realidade fake é de fato fake ou não, mas diabos, é divertido e interessante então aziras.



Outro ponto: a disposição de investir tempo, dinheiro, gente, tecnologia e tudo mais para testar um novo meio. Deviam fazer mais isso em publicidade, é uma ótima substituição aos famigerados fantasmas, as peças publicitárias criadas só pra ganhar prêmio.

***

Todo o trabalho reflete uma nova atitude publicitária ainda estranha à maior parte das agências tradicionais: envolvimento maior com a campanha e com o assunto. Quando se trabalha com ações online, é preciso não só criar peças mas todo um ecossistema no qual o conceito surge, cresce e se desenvolve. É preciso cuidado, atenção, realimentação. É uma lógica muito diferente de simplesmente tocá-lhe um anúncio no jornal e esquecer que ele existe depois. É comunicação de duas vias. É comunicação.

***

"Estamos passando de uma linguagem paternal para uma linguagem fraternal" disse o André Mantovani da MTV. Independente se ele está conseguindo fazer isso ou não com seu canal, o fato é que a comunicação comercial vai ter que caminhar mais para o lado da fraternidado e menos da paternidade, saca? Me and you and everyone we know...



Eu sei, eu sei: é mais fácil falar do que fazer. Mas também não têm muito mistério, eu acho que as coisas vão naturalmente caminhar para esse lado, queiram ou não queiram os ranzinzas.

***

Isso rende. Não só um post, rende meses de postagem. Eu ia dizer que ia continuar depois esse post, mas a real é que grande parte dos meus posts são sobre isso. Então considere tudo que eu escrever a partir de agora uma continuação desse raciocínio...

***

Não posso terminar sem uma besteirazinha... mas essa é a grande questão da publicidade atual: somos capazes de ficar parados olhando no olho do consumidor sem piscar e sem ficar fazendo micagens?