31 October 2007

Complementando o preguiçoso post anterior

paradox of praxis: alÿs empurra um cubo de gelo até derreter - é a vida...


A duna do Francis Alÿs não sai da minha cabeça. E eu esqueci de falar do trabalho do Dario Robleto. Eu pensei, inicialmente, que o cara fosse brasileiro. Pelo nome. Dario. Mas não é, é do Texas.

A sala dele na Bienal consistia só em textos escritos na parede. Textos que descreviam ações que ele pôs em prática nos últimos dez ou mais anos. Coisas como pegar todas as lâmpadas dos alpendres de casas da vizinhança onde ele nasceu e trocar por lâmpadas bem mais fortes. Tudo feito durante a noite. Sem as pessoas perceberem, ele trouxe mais brilho para o neigbourúd. Isso era uma obra. Resgate da magia no cotidiano. Tão necessário...

Outra. Ele vem se dedicando há anos a mudar as datas do fim do mundo em livros de bibliotecas. O objetivo, com isso, é fazer com que todos nós ganhemos mais tempo de vida. Outra obra. Vontade de permanência. Inocência. Ingenuidade. Melhor que o sarcasmo e a frieza. Coração puro.

Quatrocentos estudantes da Universidade de Lima são convidados a mudar uma duna de lugar. Isso é uma obra? É uma mão-de-obra, sem dúvida. Ha ha ha. Eu achei isso maravilhoso. É tão inútil, mas também diz tanto. Na falta de opiniões melhores de minha autoria, eu copio. No desespero para encaixar meus sentimentos em relação ao que vi, fui pra internet procurar artigos e entrevistas. Achei uma frase num artigo do Artforum a respeito do lance da duna: "O trabalho de Alÿs nunca conta nenhuma história em particular mas, antes de mais nada, cristaliza uma imagem que dá origem a uma história a ser contada como um processo ativo de interpretação. Um dia, uma montanha se moveu 4 polegadas. E então começa a história que nós, a audiência, temos que contar.

A duna continua se movendo, você vê?