03 January 2008

O melhor de 2007



Se eu tivesse que escolher apenas um recorte do mundo pop para descrever 2008, seria com certeza The Good The Bad and The Queen. A maior parte das matérias - e inclusive meu post - procura descrever o grupo por intermédio de suas partes: um batera tiozinho vindo das fileiras de Fela Kuti (mestre do afrobeat), um baixista cuja banda punk tem nesses tempos sua influência mais clara e presente, um guitarrista que consegue dar sentido a um termo tipo "psicodelia versátil" e um produtor símbolo do jeito contemporâneo de criar e disseminar música - não vamos nem entrar no designer/ilustrador cool agregado...

Contudo, entretanto e porém, The Good The Bad and The Queen oferece uma série de ângulos diversos pelos quais é possível enxergar sua existência aqui entre nós. Logo atrás do conceito de supergrupo quase-inusitado vem a sua inclassificabilidade, qualidade que eu estou usando para escolher o que mais gostei em 2007.



Vamos tentar colocar TGTBTQ em alguma caixinha: o que diabos é essa banda? Nem ao menos banda é. Albarn tem dado o migué de dizer que não existe banda, que The Good The Bad and The Queen é o nome do álbum e não da banda, que a banda não tem nome. O que significa esses caras vestidos em ternos pretos - porém não os do Tarantino e muito menos dos mods? E essas letras que dizem ser tudo em relação a Londres mas eu também não sei porque não prestei muita atenção?

Isso tudo não é novidade pro Damon Albarn, o cara que já se meteu com discorock, com o Banksy, com

Como o great rock'n'roll swindle dos Pistols, como a moral escorregadia da música jamaicana que forjou seu balanço, como a arrogância simpática do britpop - aqui atenuada, como a escolha ao mesmo tempo criteriosa e natural no restaurante a kilo dos mashups, The Good The Bad and The Queen só pode ser descrito de uma forma: é uma grande, deliciosa e bem fornida falcatrua do bem.

***

Falcatrua do bem. Que seja a tônica de 2008, se é q vc me entende.