14 June 2008

Agora em Cannes


A viagem foi longa, cansativa e minha mala ainda não chegou. Mas não tenho do que reclamar: a classe econômica da Air France deve corresponder à primeira classe da Aerolínes Argentinas, com mais espaço e até mesmo aquele lance de ficção científica, uma telinha pra cada um nas costas da poltrona da frente, com filmes on demand: era só escolher entre 85 opções, o que me deixou meio zonzo, diga-se de passagem, e acabei assistindo aquele Eu Sou a Lenda, que é mais ou menos. Fora isso, houve apenas um pequeno atraso em Guarulhos (o que acarretou o atraso da mala agora) mas sair de Porto Alegre no horário em pleno outono hoje é considerado uma benção, já que o aeroporto vive fechando devido a nevoeiros e coisas do tipo.

Enfim, o que importa é que eu já me registrei no festival, já dei uma volta na praia e jantei bem com meu chefe, um dos donos da agência, que faz parte da comitiva. Não tenho muito o que contar agora a respeito do festival pois ele não começou. Mas até que já me caíram algumas fichas, como a presença mais numerosa de indianos em relação à outra vez que eu vim e o fato dos publicitários estarem mais disperos no quesito moda. Antes, parecia que metade era indie e metade era yuppie. Agora a coisa está mais diversficada, mas é uma primeira impressão que eu confirmo ou não.

Como você vê, só no Conector você tem uma cobertura com os fatos altamente relevantes do Festival de Publicidade de Cannes...

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Bom, mas agora falando meio sério, hoje eu ia pensando enquanto olhava a paisagem e vi o quanto mudou o drive de quem trabalha em publicidade e, logo, das premiações. Não sei se ainda tem gente que se importa com isso, mas eu não dou mais muita bola pra peças incríveis (anúncios, comerciais, sites, malas diretas, etc). Me parece que o que é mais relevante agora são  estratégias e diálogos com o público - não mais os nossos antiquados monólogos. Isso não é novidade nenhuma em termos de press-release, mas tenho a impressão que há dois ou três anos é que começou a cair a ficha de que não tem taaaanta graça ganhar um prêmio com uma peça. Sei que é uma frase meio forte, além do mais vinda de um publicitário nada premiado. Mas pense nisso. Tipo, pra quem você pediria um autógrafo? Pros caras que pensaram o case Nike Plus ou pros caras que fizeram um Leão de Ouro em mídia impressa no ano passado? Aliás, quem ganhou esse?

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Provavelmente a campanha The Hire, da BMW em 2001, que colocou na roda 8 curta-metragens com diretores de peso em vez de uma campanha de comerciais, foi que levantou a bola e no ano passado o case Nike Plus, no qual a RG/A (criando todo um ambiente de relacionamento virtual para corredores mashupando tênis, rede social e mp3 player) chutou definitivamente para o gol. Obviamente há muitos outros casos, mas essas duas campanhas que não são campanhas podem provavelmente ser apontadas como os sinais mais claros, relevantes e eficientes de que acabou a "era das peças" de vez em termos de relevância e glamour no mundo dos prêmios.





Tô certo ou tô errado?

Na real eu tenho a impressão de que não estou dizendo nada de novo, mas faço questão de expressar algo que me parece estar no ar e que eu nunca vi escrito em lugar algum.