12 June 2008

Iberê




Domingão frio, chuvoso, úmido, chato. A família a fim de dar um passeio e qual é a opção de lugar fechado? Shopping. Não dá né. Pois então. Agora tem um lugar pra passear em Porto Alegre. Um lugar incrível. A nova sede da Fundação Iberê Camargo, projetada pelo arquiteto português Álvaro Siza, com um projeto premiado na Bienal do Tal e Tal e vencedor da Comenda do Passarinho Não Sei Aonde.




Sei que parece bobagem reduzir um puta dum museu a um "lugar pra passear", mas vou te dizer que eu considero esse o maior dos elogios que poderia me brotar. É de coração. Porque nosso passeio no domingo foi bem isso, um passeio, como quem caminha por um parque, dá uma respirada, olha ao redor, enche os pulmões e segue em frente renovado.




No lugar das árvores, uma retrospectiva da obra de Iberê Camargo, pintor, gravurista e escultor gaúcho que tem nome no meio da arte mas que eu, confesso, nunca tinha olhado direito. E saí de lá muito impactado. Vou voltar outras vezes. Não só pra ver o museu, que é uma coisa, mas quero revisitar a obra do Iberê (até fim de agosto, a mostra fica lá).



Eu ainda não tenho muito o que escrever sobre meu encontro com o Iberê. Mas sei que a história dos carretéis me fisgou. Ele tem duas fases de vida, se não me engano, em que pintou carretéis. E eu pensando "qualé a desse cara com esses carretéis..." Até li a explicação da parede, falando na questão da industrialização e o fim da utilidade dos carretéis... mas e daí? Achei pouco... até que me dei conta, até que eu comecei a ver que os carretéis são na verdade esqueletos do tempo.



Carretéis vazios da linha do tempo, ossos expostos do que antes era coberto pela ilusão do tempo. Sem o fio que cruza os nossos acontecimentos, só sobram os carretéis desnudos... tem coisa aí... eu não sei exatamente o que, mas eu garanto que tem... tem ainda as bicicletas... meu, tem coisa lá...

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Uma curiosidade... "Kikito aos Medas", música que abriu a terceira fita cassete dos Walverdes em 1994 (além de integrar uma coletânea da finada Banguela em CD), trazia uma lista de nomes de pessoas que morreram em 94. Além de Iberê, naquele ano se foram Mário Quintana, Kurt Cobain, Charle Bukowski, Mussum e mais alguém que não me lembro...todos eles eram a letra de Kikito.