20 June 2008

O leão vesgo

Meus 5 filmes prediletos do Saatchi & Saatchi New Director`s Showcase:



Uma curiosa investigação sobre emoções humanas.
Por Pablo Polledri




Idem... esse foi o meu predileto de todos.
Por Johnny Kelly





Sacanagem ver no YouTube... eu vi em 3D com aqueles óculos, sabe? Inacreditável
Por Encyclopedia Pictura





muleta dancing, uma nova onda? saca que é plano sequência, sem corte...
por Joey Garfield





véio...
por Clay Weiner

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No primeiro seminário que assisti hoje, Chuck Porter, da agência que começou a fazer seu nome por causa de um viral, teve duas manhas. Uma foi virar o jogo e falar sobre a importância de contar uma boa história e não se deter na plataforma (assunto que dominou a primeira metade do festival).  A outra foi arrumar um nome gigante para o seu seminário, que deve ter dado trabalho para os diagramadores dos materiais promocionais do festival: "Tudo que realmente importa é o poder da história. Se você está focado em qualquer outra coisa, é uma perda de tempo e de recursos." Que tal hein?

Mais sagaz ainda, Chuck juntou no palco dois nomes importantes de diferentes gerações: o diretor de comerciais Joe Pytka, ganhador de mais de 100 leões de Cannes (e diretor de um filme obscuro muito bom do fim dos anos 80), e Ajaz Ahmed, um dos fundadores da agência digital Akqa, uma das mais célebres do ramo.





Ahmed não trouxe muita novidade e na verdade nem Pytka. O senhor de seis metros de altura desempenhou o bom e velho papel do cowboy, mostrando à platéia os papéis onde anotara o que ia dizer em vez de usar uma apresentação em power point ou keynote. "Escrever à mão... lembram disso?" declarou o gigante, para deleite de uma platéia que adora esse tipo de bravata. Pytka apresentou uma série de comerciais clássicos e de approach poderoso, belos exemplos do poder de uma história bem contada e que seguiam os princípios estabelecidos por Chuck no incício do seminário:

1. Finais surpreendentes fazem uma boa história.
2. Personagens marcantes fazem uma boa história.
3. (esse eu não anotei)
4. Pessoas comuns que viram heróis fazer uma boa história.
5. Practical jokes (tirar uma onda com alguém) contam uma boa história
6. Nunca na história um focus group contou uma boa história

Chuck Porter voltou no encerramento pra deixar no ar uma frase capciosa: "Contar uma boa história é como contar piada: tem que pessoas que sabem e pessoas que não sabem."


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Logo na sequência rolou um debate liderado por Martin Sorrel, dono de um dos maiores grupos de publicidade do mundo, que passou o tempo todo cutucando Henrique de Castro, Diretor de Vendas e Soluções de Mídia do Google Europe. Sorrel parecia inconsolável que o Google não se restringe ao seu negócio de tecnologia, invadindo o campo da publicidade.

Castro reforçou várias vezes que o core business do Google é tecnologia e, diante da teimosia de Sorrel, colocou que é muito comum no negócio da tecnologia a parceria com outros tipos de empresa. "As agências de publicidade são ao mesmo tempo nossas parceiras e concorrentes" disse Castro, delineando para o moderador e a platéia que o atual jogo em comunicação se dá num tabuleiro cinza e não com casas pretas e brancas. 




Na tarde, tive a boa sorte de cair no workshop da Farfar, agência sueca que se recusa a se definir como uma agência digital. "Somos uma agência de publicidade para a era digital" disse o diretor de criação Jon Dranger, que conduziu o workshop. 

O trabalho mais conhecido da Farfar é o case Get Out and Play para Nokia. Ele foi o ponto de partida para uma rápida lição a respeito de como fazer uma campanha viral. A idéia do Jon Dranger era levar os participantes do workshop a olharem para cada aspecto de um trabalho para o Festival de Cannes que eles haviam acabado de construir. Assim, fomos conduzidos por tópicos como: a necessidade de ser blogável ("como esses caras fizeram isso? é real?"), controverso, interativo e relevante para o público do festival. 

A cada tópico, era apresentado um trabalho da Farfar, um melhor que o outro (dá uma olhada no site dos caras). No fim do trajeto, foi revelado que trabalho em construção era esse: os caras colocaram um dos Leões de Ouro que ganharam embaixo de uma pedra segurada por um pequeno guindaste. O aparato estava sendo filmado por uma webcam, que jogava a imagem no site 10.000Killers. Moral da história: quando 10.000 pessoas acessassem o site, o guindaste largaria a pedra e esmagaria o troféu mais valioso do mercado publicitário. 




Aparentemente, a idéia de usar os participantes do workshop como seeders foi excelente porque o site atingiu 10.000 visitantes em poucos minutos e foi-se o Leão. Storytelling em sua forma mais pura, porque eu contei isso pra umas dez pessoas e só não mandei pra um monte e gente o endereço logo pq não tava a fim de me conectar. Mas pelo jeito quase todo mundo que estava no workshop passou o site adiante e deu no que deu: um interessante (ainda que óbvio) statement a respeito da real utilidade de um Leão de Ouro. No caso, eles usaram o leão pra quem sabe cobiçar um outro leão no ano que vem... uma boa história que vai durar aí no mínimo um ano.

 Até mais...