Boa pergunta
Ontem fui ver aquele "Quem Somos Nós", filme que reúne entrevistas com cientistas a respeito da natureza da realidade, questões filosóficas da existência, bioquímica das emoções e uma ficçãozinha rastaquera pra tentar costurar tudo.
Achei o filme meia boca por dois ou três motivos. Um deles é que eu tinha gerado uma expectativa bem maior. Havia polêmica em algumas listas de budismo pois houve lamas que recomendaram o filme, mas ao mesmo tempo ele parece que foi feito por uma seita. Não sei direito e perdi a mensagem do grupo que falava isso.
Mas o mais decepcionante é que o lance todo parece meio sem pé nem cabeça. Os cientistas (muitos com colocações bem interessantes!) questionam a noção de realidade vigente, apresentam seus estudos e perspectivas, mas acho que só um ou dois realmente apresentam métodos (ou ao menos alguma pistinha mais decente) para as pessoas utilizarem esses questionamentos na sua vida.
Tudo bem, o filme pode ser um ponto de partida pra muita gente se questionar. Mas a aura esquisita em torno de alguns dos entrevistados e a historinha bizarra que permeia o roteiro não ajudam muito. Aliás, a protagonista do lado ficção do filme não é capaz de fazer você gerar algum tipo de empatia ou identificação - que é o pressuposto de qualquer draminha ou comédia.
No fim das contas, você sai do cinema com uma impressão não muito boa: que isso tudo é papo de gente excêntrica e que pensa demais. E acho que esse tipo de coisa fica mais interessante quando é o contrário, quando você encontra naquelas pessoas aparentemente excêntricas questionamentos e ansiedades comuns a qualquer pessoa. Mas houve pouco espaço pra isso. Esse lado foi todo pra ficção rastaquera.
De qualquer maneira, eu sempre curto essas discussões sobre natureza da realidade, como é que as coisas se formam na mente e como elas não existem fora da mente. Se é que existe mente. Fontes confiáveis andam me convencendo de que não.