11 June 2007

The Second Life of Second Life



Quem está ligado à área de mídia ou design deve estar percebendo: estamos vivendo um segundo hype executivo do Second Life. Ano passado foi o primeiro, acompanhado de um hype modernoso. Bem fez a agência digital Draft, com esse vídeo super bem humorado que diz muito...

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A saber: o hype executivo difere do hype modernoso pelo uso e pelo público. O hype modernoso atinge os modernosos (que logo perceberam que o Second Life não é lá grands coisas por enquanto). Já o hype executivo pega aqueles que dão um jeito de ganhar algum dinheiro com esse tipo de coisa. Não é preciso muito para comprovar o hype executivo. Basta um evento da revista Exame. Pronto. Está comprovada a teoria do hype executivo. Ok?

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Mas afinal, o Second Life é uma bobagem ou algo realmente lucrativo? É a pergunta que não quer calar. Não é só o evento da Exame, tem uma série de eventos acontecendo pras marcas descobrirem exatamente O QUE DIABOS FAZER DENTRO DO SECOND LIFE! MEU CONCORRENTE ESTÁ PENSANDO EM ALGO ASSIM, EU TAMBÉM QUERO APROVEITAR! AAAAAh!! AAAAAH! DESESPERO.



Don't panic...

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Tenho visto (e participado) de algumas ações no Second Life que não geram propriamente dinheiro direto, mas geram assessoria de imprensa e falação. O custo não é lá muito alto e você fica com a imagem de modernoso. Simples assim. Funciona em muitos mercados.

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Por outro lado, não funciona mais para gerar hype modernoso pois já há blasesismo em torno do Second Life. E com razão: a ação é trancada, lenta e entediante, os gráficos são toscos e é preciso procurar MUITO para achar alguma coisa realmente interessante.

Meu veredicto: é o ambiente ideal para a) empresas que querem parecer modernas para um público desavisado por intermédio de assessoria de imprensa b) pessoas que tem o que eu chamo de "mentalidade gamer", a capacidade de ficar horas e horas envolvida com alguma coisa a fim de conseguir uma coisinha qualquer. O processo é que conta. A meu ver, essa é a pilha dos avatares. Acho que ainda há algo assim que une os avatares atualmente. É um recorte de pilha gamer. Sim, essa é minha explicação técnica: recorte de pilha gamer.

No caso "a" você pode meio que fazer qualquer ação que tá valendo. No caso "b" você precisa contratar gente decente que saiba muito bem o que oferecer aos avatares que passam bastante tempo lá dentro.

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Estive, há duas semanas, na cerimônia oficial de transmissão de um programa de rádio jornalístico tradicional dentro do Second Life.

Foi uma das experiências mais incríveis e enriquecedoras, ver um monte de gente na faixa dos 40-50 anos maravilhado com um telão e um monte de pixels estourados. Desculpe, eu fui irônico de novo mas juro que achei muito interessante e, de certa forma, querido. Pareciam olhares de criança, que é como a gente se sente quando descobre uma nova tecnologia. Fiquei tocado. Sempre fico quando adultos se comportam como criança, especialmente adultos que parecem pensar muito em dinheiro, charutos e home-theater.

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Também existe uma outra teoria, que não deve ser só minha: o Second Life é um bom exemplo do que deve ser a web dentro de algum tempo. Eu acredito que vamos navegar por tudo por intermédio de algo parecido com avatares. Não sei se aposto TODAS as minhas fichas nisso, mas quando me contam que o Wii criou esse lance de Mii, onde você cria um avatar pra jogar e carrega ele no controle pra jogar onde quiser... hmm... tem coisa aí...