22 January 2008

São Paulo Fashion Week - Conector não foi mas meio q foi, tipo assim

Amapô: meio Stone Roses, sabe?

E o São Paulo Fashion Week? Desde que passei a me interessar por moda, dou um jeito de passar por lá se estiver em SP. Esse ano, não consegui entrar em nenhum desfile, como da outra vez. Mas logo no primeiro dia dei sorte de ver no GNT Fashion duas coleções excelentes pra qualquer um que se interesse um mínimo por estética, arquitetura e design: Osklen e Herchcovitch feminino.

Vai por mim: se você curte coisas legais, independente de acompanhar ou não o mundo da moda, vai logo dar uma boa olhada no que fez a Osklen, o Herchcovitch e a Amapô, por exemplo. O Ronaldo Fraga também. No site da Erika Palomino você encontra foto de todos os desfiles e dar uma passeada por elas rende boas inspirações.

Tem um monte de blogs de moda que talvez tragam uma visão mais informal, mas eu não saberia indicar os bons. Se alguém quiser fazer a mão, use os comentários.


Ronaldo Fraga direto da revista Manequim.

Só se fala nisso.

A moda brasileira tá passando por um momento ímpar: grupos de investidores estão comprando marcas independentes e formando pequenos conglomerados. Assim entra grana grossa para investimentos pesados e experiência de gestão (cuja falta mata muito empreendimento artístico e muita boa vontade por aí). Fica, em contrapartida, a promessa de profissionalismo, crescimento e o bom e velho medo de perda da autoria. Coisas da vida.

Não sei se eu ando lendo os lugares errados, mas eu fiquei impressionado como pouca gente levantou a lebre da possível perda de identidade das marcas com a venda. Em parte, acho que minha expectativa de mais grita vem da minha formação indie noventista – isso era crime no passado. Por outro lado, caras como o Herchcovitch sempre foram conhecidos por dominar bem o delicado equilíbrio entre visão artística e business.

Na música, ainda estamos pra ver gente que resolva tão bem essa equação. Ou estou me esquecendo de alguém? Ou são mercados muito diferentes? É isso ou estou perdendo alguma coisa?

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Existe o fato de serem mercados em pontos diferentes de sua história. A música brasileira enfrenta, como a música mundial, uma crise de modelo comercial. Já subiu e já desceu algumas vezes. A moda, por outro lado, está ainda sedimentando seus caminhos para o topo.

Entende?


Cavalera. Nunca curti, mas dessa vez até q sim.


Não tenho como não pensar em algum paralelo com o mundo da música. Bem que poderia aparecer algum grupo investidor e injetar capital em algumas gravadoras independentes. Mesmo com as tradicionais ameaças de perda de raízes que isso possa trazer junto, não deixa de ser um pensamento interessante. O meio independente tem o costume de se fechar para o amadurecimento com medo de perder seu cercadinho. Mas se faz parte da arte correr riscos, por que não incluir esse tipo de risco na lista?


Ellus 2ndFloor: dê-lhe Bruno 9velli

Mesmo com todos os altos e baixos da Trama, mesmo com qualquer novela paralela ou obscura que se possa evocar para desfazer a experiência, o fato é que a Trama está aí e se seus artistas diretos não fizeram uma grande revoluçã, precisamos lembrar que a Trama Virtual (o site e o selo) foi e é marco na historia musical brasileira: a Fresno, o Dance of Days e o Cansei de Ser Sexy não me deixam mentir.

A Trama surgiu em grande parte pelo apoio do Grupo VR como investidor de capital. Poderia ter sido feito tudo isso sem a grana do Grupo VR?

Sim, a maior parte das gravadoras independentes vêm influenciando o mercado nacional, de trás da trincheira. Se existe todo um mercado emo hoje, que movimenta milhões não só na música, mas também em toda a estrutura de cultura pop que o circunda (revistas, festas, bares, roupas, etc), ele deriva diretamente do circuito de hardcore que foi construído ao longo dos anos 90.

Mas cultura se alimenta de diversidade, tando diversidade artística quanto variedade de proveniência do capital. É importante ter de tudo: todo ecossistema se beneficia de biodiversidade.


É grunge né? Dizqnão pra tu ver...

A coleção da Osklen me trouxe um grande alento de vida: a volta do grunge, que já vem se ensaiando há hooooooooras. A volta do grunge é a segunda grande chance que nós, Walverdes, temos de virar milionários. Não que nós sejamos de fato uma banda grunge, mas como nascemos em 93 e temos uma parte substancial do nosso DNA primário calcado na turma de Seattle (especialmente Nirvana, Mudhoney e Melvins), pode que o pessoal aí nos bote em algum balaio e daqui a pouco estejamos tomando champanhe em uma limusine.

Quem viver, verá. Será? Hahaha. Sei não.

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Em abril gravamos nosso disco novo. As músicas estão praticamente prontas, são oito e passam bem.

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Falando em grunge, vale a pena dar uma ouvida no single novo do Monaural. Nirvana é uma das influências dos caras, me lembra bastante os lances do Bleach.