O 2006 do Conector - Parte 1
Não sei quanto a você, mas 2006 foi o ano que eu descobri pra que serve a arte. Dizem que arte não deve servir pra nada, dizem que arte não serve pra nada, dizem que é difícil definir o que é arte, dizem que arte é chata, dizem que isso é arte e aquilo não, dizem tanta coisa que o cara se perde às vezes.
Pois esse ano, depois dos módulos um e dois de curso de Processo Criativo com o prof. Charles Watson eu descobri que 1) arte ser chata ou não depende da curiosidade de quem está olhando e 2) que arte pode ser uma belíssima e profunda forma de busca espiritual através das diferentes linguagens que são aglomeradas sob esse amplo e nebuloso rótulo - arte.
Quando eu falo de busca espiritual, não estou me referindo ao cidadão se engajar formalmente em um sistema religioso, mas do bichinho do inconformismo que corrói por dentro e quer porque quer saber o porquê das coisas, descobrindo a cada passo que o porquê está em abrir mão dos porquês não por ignorância ou medo ou descompromisso ou vagabundagem mental, mas justamente pela entrega total e irrestrita.
Acho lindo que isso possa ser feito através de uma escultura. Mais lindo se trouxermos a noção do zen-budismo, onde esse caminho pode ser tomado sem precisar se refugiar em um mosteiro ou pintando um quadro, mas simplesmente carimbando guias numa caixa de banco: a arte da vida.
Essa noção eu aprendi, em grande parte, freqüentando semanalmente o Via Zen para participar da Oficina de Zen-Shiatsu, uma técnica de massagem ligada ao Zen Budismo que é muito mais do que massagem, é praticamente uma meditação. Na prática do Zen Shiatsu, nas instruções da professora e na leitura de A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen foi me caindo a ficha: um músculo dolorido e contraído faz força contra os dedos de um terapeuta e o obriga a se focar, a estar presente, relaxado e firme no toque para desfazer a tensão. Quem está fazendo massagem em quem?
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2006 foi o ano que me rendi a um hábito que nunca tive e que adquiri em 2005: acompanhar seriado americano. Lost foi minha introdução e O Aprendiz com o Sr. Trump meu curso de extensão paralelo. Mas com a nebulosidade e as voltas da terceira temporada dos perdidos na ilha maluca, acabei me focando no maravilhoso My Name Is Earl. Descobri assistindo um episódio na casa de um amigo e continuei o hábito baixando os episódios pelo eMule. My Name is Earl é deleite por todos os lados (ui!): escrita enxuta e esperta, humor sagaz baseado na ingenuidade (o fator Homer Simpson), ausência de dramas médicos, profusão de referências pop e meia dúzia de personagens amavelmente desajustados (fator Bart Simpson).
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Aproveito para dedicar também o ano de 2006 aos nerds de nicks esquizos que se dispõem a traduzir as falas dos seriados e estarem disponibilizando para a galera as legendas na graça do criador. Obrigado!